A Crônica do Calçolão
- Ticiano Leony
- 6 de fev. de 2022
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A crônica do calçolão
Ticiano Leony
Podem vocês todos achar um exagero, mas, por tudo que há de mais sagrado, como diriam os crentes, isto aconteceu.
A comemoração foi num badalado bar da Praia do Forte. Gente descolada, por assim dizer, por dentro, conhecida e disputada.
-disputada? -perguntariam alguns.
Pois! A criatura apareceu qual Iemanjá rediviva depois de muitos anos de Praia, festa de 2 de fevereiro e Cortejo do Forte.
Roupa de renda branca e ela alva, alvíssima, transcendentemente alva, e transparente, daquele modelo onde a vista para e o pensamento continua.
E não é que ela ficasse quieta em seu lugar! Não! Exuberante nos seus predicados, exibia-se para os olhares curiosos e também para os pejorativos.
Tudo, ou quase tudo a mostra, sutiã adesivo e invisível fartamente usado, a parte mais discreta era o calçolão branco, enorme, vasto, a tentar esconder as partes.
Um sucesso!
Ela fez uma homenagem a Elza Soares e, vai ver que os nativos,a bordo dos seus coloridos barcos , na hora que ela foi fazer sua homenagem a Yemanja devem ter pensado " Ó mulata assanhada que passa com graça, fazendo pirraça... hahaha hahaha hahaha ...
Surtou. É a negação a envelhecer. Inconformismo , com certeza estimulado por quem o juízo está no lado avesso do bom tom. É meio desesperado esse desatino de se achar e querer causar; é um desejo desesperado de sentir que a juventude que há muito foi embora e só faz parte das histórias de outrora ainda está ali.Latente. Vai passar.