A Inspiração
- Ticiano Leony
- 30 de ago. de 2021
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Ticiano Leony
24 outubro 2019
Não fosse a inspiração uma vilã
Das que nos assaltam sem temor,
Saberia invocá-la com certeza
Trazê-la para mim por qualquer valor.
Mas, não. A inspiração é coisa fugidia
Como uma crença, uma fé, um preceito.
Chega quando quer, no meio da noite,
De madrugada ou quando não tem jeito.
Chega sorrateira, pé ante pé, silenciosa
Às vezes, outras erupta como vulcão louco
Então é preciso correr para atendê-la
Porque de nós o que exige não é pouco!
Ah! suave, cruel e insaciável inspiração!
Satisfazê-la, não na cama, qual fêmea ardente
Mas como a morte com sua foice afiada
Que não se conforma com pouco, contundente.
Distraí-la, enganá-la, quem há de
Desafiá-la com o sutil fio de uma espada
Se apenas com uma caneta, lápis e papel
Pode-se atendê-la quando vem, desalmada?
Às vezes é preciso um ambiente calmo,
Sereno e sem interferências, oblitera a mente
Confunde-se o presente com o futuro
Em busca de um momento às vezes ausente.
No fim das contas, ela é a megera que cega,
Que provoca e sofisma - vai e volta impunemente
Quando em frente ao papel branco e silente,
A inspiração revela-se pura, solenemente.
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