Atribuído
- Ticiano Leony
- 22 de jul. de 2021
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Atribuído
Ticiano Leony
Não é de hoje que perambula no âmbito das artes em geral a figura do “atribuído”.
“Atribuído” não é um falsário, vale salientar. Um falsário copia uma determinada obra de alguém, um Van Gogh, um Bruno Giorgi, o famoso “Beijo” de Klymt-um dos mais reproduzidos do mundo - uma gravura de Hansen Bahia, Hans Sebald Beham ou Dürer. Não! “Atribuído” cria algo ao modo de fulano ou beltrano, poesia descoberta nas catacumbas de Lisboa atribuída a Luiz de Camões! Texto encontrado num escaninho da biblioteca do Museu do Prado atribuído a Miguel de Cervantes! Iluminura atribuída a Goya, um resquício de mármore de Carrara de uma escultura atribuída a Leonardo! E quando “Atribuído” participa dos leilões de arte? “Atribuído” a Inimá de Paula! “Atribuído” a Aldemir Martins! Não são cópias de obras autênticas, são obras inéditas criadas à moda de Iberê, Pancetti, Manoel Santiago ou outros menos lembrados. Mas…se “Atribuído” é um artista tão talentoso a pinto de fazer do mesmo jeito que o outro, por que não cria as próprias obras e deixa os outros em paz? Será mesmo culpa de “Atribuído” ou dos intermediários, sejam leiloeiros ou marchands? De um nem dos outros: a culpa é do mercado que pouco se abre para os novos artistas que desistem da própria arte e vão viver nos desvãos do sucesso com o codinome de “Atribuído”.
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