De novo, o tempo
- Ticiano Leony
- 12 de jan. de 2022
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De novo, o tempo
Ticiano Leony
Eu gosto da pátina do tempo,
dos telhados coloniais escurecidos pelos fungos no barro poroso,
das paredes mofadas dos casarões encardidos,
dos cabelos brancos, das rugas, dos pisos alisados pelos pés calçados,
dos mármores dos balcões polidos pelos cotovelos dos fregueses,
das roupas de tecido amolecido pelo suor de muitas jornadas,
do sapato velho acomodado aos pés e aos passos.
Gosto do esteio de telheiro de curral surrado pela chuva e ressequido pelo sol!
Eu gosto do caminho percorrido, aquele do qual conheço as curvas e as ladeiras, as pontes, as subidas e as descidas,
gosto do tempero de casa,
do café coado e servido no bule esmaltado,
gosto da segurança do amor antigo, das velhas amizades cheias de saudades e lembranças de outros tempos,
Gosto dos meus velhos médicos que conhecem as minhas mazelas e lembram das minhas dores.
Gosto do limo que cresce nas cascas das frondosas velhas árvores.
Quem não envelheceu, não viveu!
A vida bem vivida é sempre uma velha recordação.
O tempo que passa, fugidio, se presta a comemoração!

Saudades desta possibilidade. Estou no texto inteiro presente, graças ao passado !
Verdade. E daquele velho modelo de relógio da Cartier TB.