top of page

Uma lembrança

  • Foto do escritor: Ticiano Leony
    Ticiano Leony
  • 17 de ago. de 2021
  • 2 min de leitura

Atualizado: 29 de jan. de 2022

Encontro inesperado

​​​​​​​​Ticiano Leony

​Estava em casa de Carlos Bastos, neurocirurgião casado com Ângela, uma gaúcha de quatro costados e de repente surgiu a história de um hotel em Porto Alegre. Falava-se do vetusto Grande Hotel, que atravessou gerações e que, de tão vetusto já não existe mais.

​Veio-me à memória a história do jogador campeão do mundo de futebol, Paulo Roberto Falcão, num caso com o poeta Mário Quintana, que na época morava no Hotel Majestic. Este hotel que marcou história, depois de hospedar a fina flor que acorria à capital rio-grandense, desde políticos a fazendeiros, atores, comerciantes estrangeiros e industriais proeminentes, entrou em irreversível decadência. Antes de fechar as portas definitivamente se tornou uma pensão para mascates e viajantes e residência para famílias de baixa renda. Naquela ocasião, lá passou a residir Mário Quintana. Uma vez falido, os proprietários decidiram fechá-lo e vendê-lo. O poeta, já consagrado na época, precisou deixar o Majestic indo morar no Hotel Royal de propriedade do craque Falcão. Ao saber que Quintana era seu ilustre hóspede, o jogador o acolheu sem custo. Mário Quintana indagou por quanto tempo ele poderia ficar e Falcão respondeu:

-Por toda a eternidade!

​Mario Quintana morou às expensas de Falcão até falecer em 1994 no Hospital Moinho de Ventos.

​Mas há outra história importante com o mesmo Mário Quintana, só que o outro personagem envolvido é João Xavier, fazendeiro gaúcho, produtor de arroz e de carne e pai de Ângela, a esposa do neurocirurgião. Passa-se no mesmo Hotel Royal.

​João Xavier estava lá hospedado enquanto reformava sua casa em Porto Alegre, uma vez que, até hoje, a família reside em Santa Maria.O elevador estava no térreo e o fazendeiro, depois de pegar a chave do apartamento na recepção, alcançou-o tranquilamente. Já ia acionar o botão do andar quando entra arfando, afobado, um senhor bem mais velho. Cada qual premiu o botão do andar ao qual se dirigia. Ao fechar a porta, João percebeu que o outro passageiro estava com um cigarro aceso recentemente, fumacento, embora estivesse afixada e bem visível uma placa reluzente de “Proibido Fumar”. João Xavier prontamente reconheceu o poeta, franziu o cenho e olhou para a placa sinalizadora como a indicar a proibição ao conhecido poeta. Mário Quintana justificou-se:

-...Eu não sei ler...

​E João Xavier respondeu na maior categoria:

- E eu queria saber escrever como o senhor não sabe ler...


 
 
 

Comments


Assine e receba novidades dos lançamentos de Ticiano Leony

Ticiano Leony 

Av. do Farol, 2408 Praia do Forte CEP 48.287-000 Mata de São João, BA

Prazo para entrega: Até 15 dias

Email: teleony@gmail.com 

bottom of page